O diagnóstico da esclerose múltipla

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As lesões no cérebro causadas pela esclerose múltipla podem ocasionar diferentes sintomas, que vão desde visão dupla ou embaçada, formigamentos, falta de equilíbrio, até incontinência urinária. Ao longo do tempo, também pode ocorrer a atrofia cerebral ou perda de massa cerebral. Essa ampla variação de sintomas pode levar os pacientes com esclerose múltipla a buscar ajuda de diferentes especialistas e usar diversos tratamentos até chegar ao diagnóstico correto, que em geral é feito por um médico neurologista.3

A ressonância magnética (RM) é um dos exames prioritários para o diagnóstico da esclerose múltipla. Atualmente, já é possível concluir o diagnóstico da principal forma de esclerose múltipla, a EMRR, ao ser identificadas lesões no cérebro e na medula com a ressonância magnética a partir de um único surto. Antes, eram necessários pelo menos dois surtos e sucessivos exames de ressonância magnética. Da mesma forma, a realização de ressonâncias magnéticas periódicas permitem avaliar a evolução da esclerose múltipla e o impacto do tratamento.3

O protocolo de investigação e diagnóstico adequado da esclerose múltipla passa por alguns passos, além da ressonância magnética:3

  • História Clínica: Primeiramente, o paciente é avaliado sobre seu histórico clínico e encaixe na epidemiologia da esclerose múltipla.
  • Ressonância magnética: Investiga o crânio e a medula espinhal do paciente. Pode ser realizada com e sem contraste, já que o contraste capta as zonas de inflamações recentes e apoia o neurologista a identificar lesões novas e antigas.1,2
  • Exame de líquor: Líquor é o líquido cefalorraquidiano. Ele tem contato direto com o cérebro e ajuda a identificar se há perfil inflamatório. Cerca de 90% dos pacientes com esclerose múltipla apresentam uma marca imunológica no líquor. Ele não pode ser usado unicamente como diagnóstico da esclerose múltipla, mas é uma prova importante para complementar outros exames.3
  • Exames de sangue: Diversos exames de sangue são importantes para apoiar o diagnóstico da esclerose múltipla, excluindo outras doenças que podem apresentar sintomas parecidos.
  • Exames de neurofisiologia: São utilizados para avaliar o trânsito elétrico no no Sistema Nervoso Central (SNC). Isso porque nas lesões inflamadas o impulso elétrico é mais lento.

“Além do reconhecimento do sintoma, é primordial que o paciente possa ter acesso à investigação médica adequada. Mas ainda há uma longa fila de espera ou mesmo falta de profissionais especificamente qualificados para este diagnóstico. O diagnóstico da esclerose múltipla é trabalhoso, exige diversos exames, além da análise clínica e histórica do paciente. Mesmo com centros de referência em praticamente todos os estados, ainda há recursos desiguais e centenas de pacientes sem o diagnóstico”
Dr. André Matta, Prof. da Universidade Federal Fluminense, no Departamento de Neurologia. CRM-RJ 60737-6


Referências

1. Eiklenboom/ M J. Biological markers in multiple sclerosis related to disease activity and progression. 2007.
2. Popescu V et al; on behalf of the MAGNIMS Study Group. Brain atrophy and lesion load predict long-term disability in multiple sclerosis. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2013 Mar 23.
3. Oh J, Vidal-Jordana A, Montalban X. Multiple sclerosis: clinical aspects. Curr Opin Neurol. 2018;31(6):752‐759. doi:10.1097/WCO.0000000000000622.