Carta para uma paciente com câncer de mama metastático (no SUS)
Poxa… que difícil isso.
Eu sei que você deve estar pensando mil coisas agora. Talvez esteja chorando, brava, com raiva. Talvez até se culpando, tentando entender o que fez de errado. Eu não sei a sua idade, não sei se você tem filhos… mas sei que, no fundo, você tá pensando: “eu quero viver”.
(respira fundo)
Pois é. Eu já passei por isso. Se eu pudesse te trazer um pouquinho de esperança, eu diria: eu tô vivendo. Eu tô contando a minha história, nove anos depois de um diagnóstico terrível como esse.
E mesmo te falando isso, eu sei que talvez você só queira chorar. E tá tudo bem. Eu vou te entender. Mas saiba: a hora que você quiser sair do fundo do poço ̶ porque sim, esse diagnóstico joga a gente lá no fundo ̶ eu vou estar com minhas duas mãos estendidas pra te ajudar a subir.
Eu costumo dizer que fiquei três dias no fundo. Às vezes ainda volto. Mas sempre tento subir rápido. Porque essa é uma escolha que só a gente pode fazer por nós mesmas.
A nossa vida importa. Importa pra ciência, importa pra Deus. Eu trago Deus porque tenho muita fé, e fé foi o que me sustentou todos esses anos sem alta, sem promessa de cura. É preciso fé e coragem. Fé na vida, fé em nós mesmas.
E quando a gente consegue ter qualidade de vida, mesmo com o câncer, isso é vibrante. Não é romantizar ̶ é estratégia de sobrevivência. É escolher viver o que dá pra viver.
Saiba: esse vai ser o seu maior papel daqui pra frente. Cuidar da sua vida. Entender o que acontece no seu corpo, conhecer os efeitos colaterais, saber qual o próximo passo, a próxima medicação. Porque existe tratamento. A ciência avança todos os dias para que a gente viva mais e melhor.

Nada vai ser normal. Mas pode ser perto do normal. E a gente aprende a se ajudar nesse caminho.
Converse consigo mesma. Escolha se priorizar. Porque tem um monte de gente vivendo com câncer de mama metastático há 9, 10, 15, 20 anos. E eu gosto de pensar que quando você lê isso, eu tô vindo do futuro. Eu sou a prova viva de que dá pra continuar.
Mesmo no SUS. Mesmo com todas as limitações. Eu sobrevivi, e tô sobrevivendo. Eu luto por melhorias não só pra mim, mas por todas nós. E mesmo que, às vezes, seja preciso brigar um pouquinho pelos nossos direitos, saiba que você não tá sozinha.
Essa carta também é pra mim mesma, lá atrás, quando eu achava que ia morrer. Naquela época eu buscava esperança em outras mulheres ̶ mas quase todas tinham um nível social melhor que o meu, quase todas tinham plano de saúde. Eu decidi que eu ia sobreviver, mesmo no SUS. E aqui estou.
Dar esperança dentro de um sistema limitado é difícil. Mas eu sou essa esperança. E eu quero muito que você, e tantas outras, encontrem nesse meu relato uma prova: a gente não é só um número ruim. A gente é vida que continua.
Eu termino essa carta com o barulho do sino da igreja, ou do relógio anunciando que terminou uma hora, mas começou outra. Porque sempre são possíveis recomeços nesse lindo caminho de vida que a gente tem pela frente.
Lembre-se disso: enquanto há tratamento, esses tratamentos são caminhos. Caminhos que estão sendo abertos para nós, para que a gente continue vivendo e sobrevivendo.
Pode escutar o sino ̶ ele está tocando.
Fica com Deus. Fica com Nossa Senhora, minha Mãe ̶ que pode ser sua também.
E receba daqui um abraço apertado, de peito para peito De paciente para paciente.
Um beijo,
Gislene Charaba
Gi Charaba ‒ porta-voz de pacientes de câncer de mama

Gi Charaba
Paciente porta-voz e advocate em câncer de mama. Defensora de direitos no SUS e na saúde suplementar, constrói pontes de pacientes para pacientes, de pacientes para profissionais e para a sociedade. Traz autocuidado, coragem, fé — e sempre na real. Modelo Comunicadora e criadora de conteúdo.
Depoimento real da paciente Gislene Charaba.
Para mais informações acesse www.saude.novartis.com.br/cancer-de-mama.
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