O que é insuficiência cardíaca

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A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença caracterizada pela incapacidade do coração em bombear sangue de maneira adequada e suficiente para suprir as necessidades de oxigênio e nutrientes dos tecidos e órgãos do corpo.1

A insuficiência cardíaca é principalmente uma consequência de doenças prévias que danificaram o coração e resultaram na incapacidade deste órgão em exercer suas funções de forma adequada, embora existam casos mais raros em que a IC é uma condição de nascença.1,2

Na doença, duas situações podem ocorrer: (1) o coração não ter força suficiente para enviar o sangue para circulação nos vasos; (2) o coração receber o sangue de volta, mas ter dificuldades para se encher, pois sua musculatura está enrijecida.2,3

Por acarretar uma quantidade insuficiente de sangue em todos os órgãos do corpo, a insuficiência cardíaca pode resultar na concentração de líquido em alguns locais como pernas, pés e em órgãos como pulmões ou intestinos, causando um inchaço nessas regiões, chamado de edema.3

Quando os sintomas da IC pioram ou são muito intensos, atrapalhando o dia a dia dos pacientes, é preciso conversar com o médico para reavaliação do tratamento.4 Hoje já existem no Brasil diferentes tratamentos para a insuficiência cardíaca, incluindo opções que possibilitam a redução da mortalidade e das hospitalizações recorrentes, entre outras complicações, trazendo mais qualidade de vida para quem convive com a IC.5

Uma pesquisa do Departamento de Insuficiência Cardíaca (DEIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) traçou o perfil dos brasileiros com a doença.6 No Brasil, os principais fatores de risco para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca são:

  • hipertensão arterial (70,8%);6
  • colesterol alto (36,7%);6
  • diabetes (34%);6
  • histórico de infarto (26,6%);6
  • insuficiência renal crônica (24, 1 %).6

No Brasil, há ainda casos em que a insuficiência cardíaca é consequência dos danos no coração causados pela doença de Chagas.6

A insuficiência cardíaca é mais comum em pessoas com mais de 65 anos e acima do peso. A prevalência da IC é maior entre as mulheres.5,7

A insuficiência cardíaca também atinge pessoas de todas as classes sociais, mas os cuidados dispensados com o paciente, somados ao acesso ao tratamento e à informação de qualidade, podem fazer a diferença no prognóstico, na evolução da doença e até nas taxas de mortalidade.8

É importante saber que a doença é crônica e progressiva, ou seja, que se agrava com o passar do tempo. A doença é também frequentemente marcada por episódios agudos, quando os sintomas se agravam além do “normal”, fazendo com que o paciente tenha que buscar ajuda médica e hospitalar de emergência, e o levando a internação. Neste caso, a doença é chamada de insuficiência cardíaca aguda ou insuficiência cardíaca crônica descompensada.3

Se a insuficiência cardíaca não estiver sob controle, as internações podem ser frequentes, gerando um alto custo emocional para os pacientes e seus familiares, além de gastos financeiros elevados para os sistemas de saúde (públicos e privados).7,9

Insuficiência cardíaca: um problema de saúde pública

A insuficiência cardíaca {IC) ainda é relativamente pouco conhecida pela população, entretanto, sua incidência e seus dados são alarmantes e, por isso, a doença exige atenção.5-9>

Entenda a gravidade da insuficiência cardíaca:

  • 1 a cada 5 pessoas (20% da população) desenvolverá insuficiência cardíaca em algum momento da vida;7,10
  • A cada ano a insuficiência cardíaca custa à economia USD 108 bilhões só nos EUA, e as hospitalizações compreendem 60-70% dos custos diretos do tratamento.9,11-12

Por tudo isso a insuficiência cardíaca tem sido encarada como um problema de saúde pública importante e crescente, no Brasil e no mundo.5-12


Qual a relação do infarto com a insuficiência cardíaca?

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O infarto, também conhecido como “ataque do coração”, é uma das causas mais frequentes de insuficiência cardíaca.6,10

Ele ocorre quando o suprimento de sangue é reduzido ou cortado totalmente de uma parte do músculo cardíaco.13 Esse episódio geralmente gera um dano no coração, que perde a capacidade de exercer suas funções de maneira eficaz, podendo assim levar ao quadro crônico de insuficiência cardíaca.1

Por isso, após o infarto é fundamental para a sobrevida dos pacientes que continuem acompanhamento médico com um cardiologista e façam ajustes em seu estilo de vida, como parte do tratamento.13

Curiosidade: conhecendo o coração

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O coração é um órgão que se divide em dois lados: direito e esquerdo, e que possui quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos O lado esquerdo do coração bombeia sangue para o corpo todo, mobilizando oxigênio, por exemplo.14

Já o lado direito bombeia o sangue até os pulmões e, de dentro deste órgão, o sangue é novamente oxigenado e o dióxido de carbono é liberado. A partir daí, o sangue entra na cavidade esquerda já oxigenado, para ser redistribuído ao sangue.14

Em uma pessoa com insuficiência cardíaca uma das cavidades (ou mais de uma) falha na sua função como bomba, seja na capacidade de relaxar e receber o sangue de volta ou no momento de contrair e enviar o sangue para todo organismo.14


Referências

1. Heart Failure Matters. What is heart failure? Disponível em: https://www.heartfailurematters.org/understanding-heart-failure/what-is-heart-failure/#:~:text=Heart%20failure%20is%20a%20serious,allow%20it%20to%20work%20normally. Acesso em junho de 2022.
2. MedlinePlus. Heart failure. Disponível em: https://medlineplus.gov/ency/article/000158.htm. Acesso em junho de 2022.
3. Heart Failure Matters. What are the different types of heart failure? Disponível em: https://www.heartfailurematters.org/understanding-heart-failure/what-are-the-different-types-of-heart-failure/. Acesso em junho de 2022.
4. Heart Failure Matters. Symptoms of heart failure. Disponível em: https://www.heartfailurematters.org/understanding-heart-failure/symptoms-of-heart-failure/. Acesso em junho de 2022.
5. Marcondes-Braga FG, Moura LAZ, Issa VS, Vieira JL, Rohde LE, Simões MV, Fernandes-Silva MM, et al. Atualização de Tópicos Emergentes da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca – 2021. Arq. Bras. Cardiol. 2021;116(6):1174-212.
6. Albuquerque DC, Souza-Neto JDm Bacal F, et al. I Brazilian Registry of heart failure –Clinical aspects, Care Quality and Hospitalizations Outcomes. Arq Bras Cardiol 2015, 104(6):443-442.
7. Mozzafarian D, Benjamin EJ, Go AS, et al. Heart Disease and Stroke Statistics – 2016 Update – A report from the American Heart Association. Circulation 2016 Jan 26; 133(4): e38-360.
8. World Health Organization. Cardiovascular diseases (CVDs). Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs317/en/. Acesso em junho de 2022.
9. Cook C, Cole G, Asaria P, et al. The annual global economic burden of heart failure. Int J Cardiol 2014 Feb 15;171(3):368-76.
10. Lloyd-Jones DM, Larson MG, Leip EP, et al. Lifetime risk for developing congestive heart failure. Circulation. 2002 Dec 10;106(24):3068-72.
11. Ponikowski P, Anker AD, AlHabib KF, et al. Heart Failure – Preventing disease and death worldwide. ESC Heart Failure. 2014 Sep 30;1:4-25.
12. Neumann T, Biermann J, Erbel R, et al. Heart failure: the commonest reason for hospital admission in Germany: medical and economic perspectives. Dtsch Arztebl Int. 2009 Apr;106(16):269-75.
13. American Heart Association. What is a Heart Attack? Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/heart-attack/about-heart-attacks. Acesso em junho de 2022.
14. American Heart Association. What is heart failure? Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/heart-failure/what-is-heart-failure. Acesso em junho de 2022.